Casa de Areia

Uma rachadura trêmula refém da falta de sono com a angústia do dia lhe transformar em cacos. As incertezas que amedrontam o peito e previnem do pior. Sem saber que o pior mesmo é te esperar, pra quando for. É o medo de voltar pro mesmo lugar, e dessa vez o vazio ser mais frio. Porque a esperança de você me esquentava os pensamentos. E distrair a rotina era o melhor que a sua ausência física podia fazer.

E sempre que chego nesse ponto de exposição, me pergunto se era mesmo pra ser assim. Que tipo de aprendizado é sempre morrer na praia? Que outra postura deveria ter eu, então, além de lutar até o fim? Até onde a intensidade larga a mão do desejo e ensina que o meu limite é aqui, na areia? E o mar que me resta é só a água salgada do pranto. Que quando cansa, sobram só os pensamentos onde se possa velejar.

Se eu cavar, acho que posso encontrar debaixo de toneladas de grãos, a corrente que prende meu pé ao chão. Mas todas as vezes, eu podia jurar que era alguém o responsável por esse tranco enquanto eu corria, que de súbito me derrubava, engasgava e queimava meu rosto no atrito do mesmo fim.

Um comentário:

  1. Teu texto me provoca a reflexão de que somos fadados à repetição... Um primor.

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