Do que não se divide.

O Sigur Rós arranha os ouvidos enquanto tua cicatriz – aceitação da existência essencial para a cura – ressoa na lembrança. Os discursos viciados que como em loop estragam meus textos com a mesmice da insistência em migalhas de possibilidade. Os membros que representavam minha força; tua ausência refletida no chão; minha coragem em confronto com abismos; minha paixão nos sustentando em qualquer imensidão.

É natal e anos já completaram desde que você se foi. Desde que fui obrigada a arrancar tuas raízes sem estruturas, do meu amor. E quem encerra ciclos carrega nos novos sempre o peso da responsabilidade dos fins. Mais difícil do que um dia foi seguir, é hoje sustentar; não minto. É o esforço de ainda movimentar a lembrança, obrigada a resgatar a dor das tuas opções, pra amenizar a decisão.

A falta de merecimento que de jeito nenhum eu deixava vencer o orgulho e transbordar as barreiras, e finalmente verbalizar. Aceitar seu peso seria uma implicação conseqüente, que como saco furado, dei todo meu silêncio para não carregar.

Pra restar no presente você como passado, um fog poético nas defesas mentais e versos tortos escoando o emocional. De um jeito tão contraditório você me empurrou para onde sempre disse que iria acontecer: a dor, a música, o cigarro e tua solidão.

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