É agonizantemente irritante não ter opção e a voz só sair pelas palavras. Os gritos não vêm do fundo da garganta, rasgando. Nem do coração - de onde deveriam sair. Acabam sendo cuspidos apenas os gritos mudos e superficiais da raiva, que mantêm o olho embaçado, escorrendo algumas letras pelo rosto, encharcando o pescoço de parágrafos que nem são lidos ao serem enxugados.
Nunca me deparei com a situação de não ter saída. Pela primeira vez vivo isso tão intensamente que me tornei prisioneira dos meus próprios obstáculos. E a raiva que trinca meus dentes, faz eu me alimentar das sobrancelhas cerradas e urgentes e de todo este ciclo exasperado e mudo, que parece não ter fim.
Calabouço
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Sendo prisioneira de seus próprios obstáculos, é, na verdade, prisioneira de você mesma. Portanto, possui a chave para tirá-la da angústia do silêncio, da raiva e da impotência.
ResponderExcluirO fim de todo ciclo exasperado e mudo é a palavra. Você já começou a se levantar. Resta agora chorar todas as lágrimas, para então as enxugar. Só assim será capaz de gritar os gritos, de lavar o rosto e de começar uma nova prosa.