Te ensinei a escrever. Foi o bastante para você sair por aí sentindo-se superior, julgando inferior as palavras que não viessem de ti. E logo os seus textos, tão egocêntricos e sem pausas, tão perdidos quanto sua vida sem vírgulas, tão vagos quanto as suas teorias inconclusivas.
E agora você sai por aí, se achando Drummond, brincando com as palavras. Acreditando que pode mudar tudo o que já disse, apagar o que já escreveu. Se diverte em invertê-las constantemente, adequando-as ao seu gosto, desperdiçando-as no primeiro em que quer impressionar.
Já que fui eu que te iniciei nesse mundo, sinto-me na obrigação de te avisar. Sei que vais me olhar de cima abaixo com esse seu olhar hipócrita – como de costume nesses últimos tempos. Não vou gritar, ninguém vai ouvir; vou sussurrar baixinho no seu ouvido: o verdadeiro escritor não é aquele que esbanja palavras rebuscadas, mas aquele que é homem suficiente para assumir o que escreve. Porque daqui a pouco vais perceber que de nada adianta mudar e apagar as letras. A partir do momento em que são lidas, são imediatamente eternizadas.
Palavras eternizadas
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Bravo! Curto, mas eficientemente amargo. Posso sentir, em cada vírgula, suas palavras adentrando a carne alheia como uma espada, cujo desfecho funciona como um golpe final.
ResponderExcluirPerdoe-me por não ter retornado o comentário no meu blog mais cedo. Confesso que a preguiça às vezes me vence. Obrigada por passar no Textículos (que agora é assim, com x). Por sinal, uma vez que notei que você me incluiu na sua lista de favoritos, aviso que o endereço agora também é diferente: www.texticulos-literarios.blogspot.com Por favor, continue visitando.
E confesso que ainda voltarei aqui...
Abraços ;*
Apreciei...
ResponderExcluirLogo, voltarei.